quinta-feira, 28 de abril de 2011

eu sou a favor do acordo ortográfico. tenho dito.

este é um assunto ao qual não consigo ser indiferente e hoje li outra opinião, tão típica que já me irrita.
eu sei que todos têm direito a opiniar como bem entendem, mas tenho sérias dificuldades em entender, a revolta da maioria das pessoas, baseadas no facto de acreditarem, que o acordo ortográfico vai 'abrasileirar' a linguagem tuga.
quando tive aulas sobre as alterações que vão acontecer, não me lembro de ter visto palavras como ônibus, ou legau, ou banheiro. fiquei sim bastante satisfeita, quando percebi que finalmente vamos deixar de utilizar letras, na escrita, que não estão ali a fazer rigorosamente nada! foi me dito que já não terei de escrever baptizado, tendo em conta que eu não leio 'bapetizado' ou actor/"aquetor", o que para mim faz todo o sentido!
como disse todos têm direito a uma opinião, diferente da minha, mas custa levar com ignorância de pessoas que falam por falar, que nem se deram ao trabalho de se informar ou pesquisar sobre o assunto. limitam-se a ser do contra, porque são tugas e os tugas têm sempre de estar contra a mudança. no entanto, estão de acordo com o facto de farmácia já não se escrever com "ph" - claro que tem lógica! como a nova escrita portuguesa fará sentido para as próximas gerações. sem falar da maldita perseguição aos brasileiros, só porque as brasileiras andam a roubar os maridos com crises de meia idade.

claro que há interesses económicos, sendo o maior por parte de angola (e não do brasil como toda a gente pensa), que tem muito mais poder do que nós. mas não deixa de fazer algum sentido, apesar de naturalmente, não concordar com tudo. mas faz parte. a evolução tem destas coisas.

a fixação gráfica de uma língua, aquilo que vulgarmente designamos por escrita, não é mais do que cosmética. a língua não muda. o acordo vem apenas simplificar alguns anacronismos, que já não têm razão de ser.

para quem gostaria de desmistificar certos pontos sobre o acordo, aqui tem.

preocupem-se em falar um português correto. isso sim é coisa rara e devia ser alvo de revolta.


(este texto foi escrito ao abrigo do novo acordo ortografico. é assim tão mau?)



9 comentários:

A-Zee disse...

Compreendo o motivo do post perfeitamente cê-agá, contudo já que dás hipótese de sermos de opinião contrária à tua, ou pelo menos termos um ponto de vista diferente, aqui fica o meu. Eu não receio por um abrasileirar da nossa língua, temo sim que o facto ( e sim eu leito fáqueto) de aplicarmos a regra gramatical de uma forma tão linear vá fazer com que se perca objectividade nas palavras, aproveito já para mostrar um resultado. Se eu escrever apenas: "é um alfinete, de fato" - como vais perceber se leres a frase se eu me estou a referir a um alfinete de um fato ou se estou a confirmar a existência de um alfinete que está de facto ali. São estas coisas pequeninas às quais não me habituo, também as palavras utilizadas como advérbio de modo me fazem confusão, porque se em "correcto" eu não leio o C, já em correctamente, o C sai-me de uma forma nasalar mas é acentuado, seria incorrecto dizer o C de uma forma audível, daí se chamar consoante muda. Resumindo e baralhando, eu não sou contra a evolução da escrita, sou a favor da mesma, mas quero que seja uma coisa que flua da nossa cultura e não para simplificar a escrita entre países que partilham a mesma língua base. Não quero ser obrigado a seguir regras que não são explicitas e que são generalistas, se eu pegar num livro de Gramática do Português, a evolução das palavras está lá e é-me explicada, se sou saudosista quando digo que ver a bola em "direto" não é a mesma coisa, até posso ser, mas há coisas no nosso português que definem a nossa herança intelectual, não é à toa que o português a par das línguas de leste são das mais complexas. Sim, temos de evoluir...mas não o podemos fazer segundo os nossos costumes e segundo o nosso ritmo?

cê-agá disse...

se formos pelo ritmo, não saimos daqui. somos piores que as tartarugas. e facto não vai mudar ze. se lesses o artigo, saberias :)
toda a gente que fala português como deve de ser, diz "faqueto", e sendo assim o 'c' não desaparece.

A-Zee disse...

Nós temos um bom ritmo =) basta lermos Camões, Eça, Pessoa, todos eles portugueses e em todos morfologia diferente em algumas palavras que têm o mesmo significado. Deixei de ser calão e fui ler o artigo, mas novamente é pouco abrangente e não é um padrão por onde nos possamos guiar, porque se temos regionalismos e pronuncias diferentes entre norte e sul, litoral ou interior, como saberemos onde aplicar as regras generalistas que nos foram transmitidas? Dizes que toda gente que fala português como deve ser diz "faqueto" mas é ouvir locutores de radio e pivots de televisão a meterem os pés pelas mãos a toda hora porque até eles que têm como profissão falar português correcto e escreve-lo, estão indecisos em como empregar as regras do acordo, venha um acordo ortográfico sim, um em que se possa estabelecer uma regra e apontar as devidas excepções, um que seja ensinado nas escolas e divulgado online em página oficial do governo com todas as alíneas que sejam precisas até percebermos como é que a nossa língua evoluiu e como devemos empregar as mudanças de forma precisa e sem erros, até lá, escreverei como aprendi na escola, como tive de escrever na faculdade e como escrevo no dia a dia, com todas as letras! =P talvez um dia quando for consenso eu escreva ao abrigo dos acordos =)

cê-agá disse...

deves e estás no teu direito de continuares a escrever como aprendeste. terás de aceitar é que a leitura já será diferenet. o acordo não é para nós mas sim para os nossos filhos. não é uma guerra/preocupação nossa. ou não deveria ser de niguém. quanto ao timing, acho que tem sido progressivo como deve ser. não vejo qualquer problema.

Me,myself & I! disse...

Eu sou daquelas obstinadamente contra...sorry!

Ska disse...

Concordo com muito do que dizes. E com quase tudo do acordo.

^Mas a partir do momento em que vai haver um país que se chama Egito, eu acho istúpido.

cê-agá disse...

não consigo deixar de achar o teu comentário engraçado. e também concordo. mas tal como referi no post, não concordo com todas as alterações, mas aceito. faz parte.

Prof. Machado disse...

@ Ska
Um novo país, Egito? Na verdade esse país já existia na fala, o que não existe mais é a pronúncia do "p". Ah se algum engraçadinho quiser dizer que não é possivel que egíPcios nasçam no Egito, basta que lembrem de que os herbívoros só o são porque comem ervas, sem h!
Abraço a todos!

cê-agá disse...

bem dito prof. machado!